Recortes
Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor da sombra.
Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
Por isso quando pareço não concordar comigo,
Reparem bem para mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés —
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma ...
Alberto Caeiro
3 Comentários:
É bom adaptarmos-nos ao meio que nos rodeia, mas sem nos perdermos pelo caminho e sem perder essa "clara simplicidade de alma". Feliz de quem consegue... Eu pelo menos tento :)
"mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés" - sem dúvida.
Gostei do recorte :)
Bj *
Fica aqui comigo.
Adorei *.*
E gosto mesmo muito de Alberto Caeiro :D
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